Motivação para escrever brevemente sobre Comunidades de Prática
Me parece que 26 anos depois, chegou a vez das Comunidades de Prática se tornarem buzzword. Tenho visto em diversas organizações a utilização das CoP como a solução para todos os problemas (a legítima bala de prata) e resposta para todas as perguntas. Não sabemos o que é “DevOps” – então criemos uma comunidade de prática!
Por experiência própria, construir uma comunidade de prática em contextos aonde os profissionais possuem diversas outras prioridades e pressões para a entrega (entregar! entregar! entregar!) é um grande desafio. Já participei ativamente na formação e construção de CoP que foram excelentes durante 1-4 encontros e depois morreram. Foi um fracasso, mas atribuo este fracasso também a minha falta de entendimento sobre o que é e como deveria ser uma comunidade de prática.
Escrevi o texto abaixo, compilando algumas e informações com o intuito de despertar com que mais pessoas reflitam sobre o tema e entendam que a grande maioria dos seus problemas organizacionais não serão resolvidos com comunidades de prática.
Comunidade de Prática
Termo introduzido por Etienne Wenger e Jean Lave em 1991.
É um grupo de pessoas que se unem para compartilhar seu conhecimento a fim de melhorar seu desempenho naquilo que fazem
Comunidade, Domínio e Práticas são importantes (como na figura acima) pela perspectiva de o que compõe uma comunidade de prática.
O domínio – o membro precisa ter uma identidade definida pelo interesse compartilhado. Ser membro significa um compromisso com o grupo e competências que diferem seus membros de outras pessoas.
A comunidade– precisa proporcionar interação. Para Wenger, o aprender é um ato social. As pessoas na comunidade de prática são atores que buscam, juntas, formas de superar um problema.
A prática – os membros de uma comunidade de prática desenvolvem um repertório de experiências, histórias e ferramentas, as quais os qualificam para enfrentar certas situações que se tornem recorrentes.
Sobre outra perspectiva, também importante, é relevante que o grupo possua um senso de comunidade, um entendimento com relação a custo (que tipos de investimentos estão sendo feitos) e também uma clareza quanto ao direcionamento e os objetivos/propósito desta comunidade com relação aos seus indivíduos e o grupo como um todo.
Uma Comunidade de Prática, vai além de entender conceitos. É necessário que em determinados níveis, exista experiências prévias, estudos, experimentações em contextos diversos e um comprometimento com o aprendizado e a evolução do grupo. Não é aberta ao público e tende a ter um comprometimento não pontual. A recorrência e a continuidade são aspectos fundamentais.
Cultura organizacional
Cultura vem sido mencionada em diversos materiais, palestras, mas fato é que existe uma dificuldade em definir o que é cultura. Tenho escutado com uma maior frequência que Cultura Organizacional = comportamento dos indivíduos que compõe a organização. No livro, “A Cultura da Participação” Clay Shirky (autor) traz uma definição que eu acredito que agregue para discussão sobre comunidades de prática:
Cultura é um conjunto de opiniões compartilhadas numa comunidade a respeito de como ela deve ser em relação a seu trabalho e como se portar nas relações mútuas entre seus membros.
Deixa explícitas as nossas normas e regras nos auxilia na formação de equipes, a manter o ambiente de trabalho seguro e a conseguir definir fronteiras entre o que é esperado e adequado e o que não é.
Formatos
Existem diversos formatos possíveis para comunidades de prática. Técnicas de aprendizagem informal, podem ser utilizadas. Coding dojos são úteis para desenvolver soluções e construir ambientes seguros para colaboração e aprendizado. Fishbowls também são uma boa alternativa para facilitar conversas em grupos maiores. Além das acima, participei de comunidades de práticas nos seguintes formatos:
- Apresentação de palestras e cases de outras organizações, gerando insights e trocas de experiência. Exemplo: Agile Clinic
- Fóruns e grupos de discussão
- Email.
- Facebook.
- Blogs. Exemplo: retroagil.wordpress.com (Focado em retrospectivas)
- Slack. Exemplo: agilidade.org
- Grupos de leitura.
- Distribuição de livros para os colaboradores.
- Artigos científicos para discussão.
- Livros sobre gestão para fomentar a discussão sobre as práticas utilizadas versus as mudanças do mercado.
Quais outros formatos você tem utilizado para suas comunidades de prática na sua empresa?
Quais as suas experiências com relação a CoPs?
Muito interessante a sua abordagem sobre as CoP. Vou reblogar,
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