Abaixo, minhas percepções sobre o paper de Stuart E. Dreyfus e Hubert L. Dreyfus, que descreve os cinco estágios da aquisição de habilidades (“A FIVE-STAGE MODEL OF THE MENTAL ACTIVITIES INVOLVED IN DIRECTED SKILL ACQUISITION”). Como já li esse paper algumas vezes e recentemente reli, resolvi compartilhar as minhas principais observações e insights (até mesmo pra fixar os meus próprios aprendizados).
Antes de mais nada, vale ressaltar que o paper foi publicado em fevereiro de 1980. De lá pra cá, muita coisa no mundo mudou, as pessoas mudaram.
O desenvolvimento de habilidades, de quem está aprendendo passa por 5 estágios: iniciante, competente, proficiente, especialista e mestre. Ao longo destes estágios, o aprendiz passa a depender menos nos princípios e mais nas suas experiências concretas.
Para adquirir uma nova habilidade, você tem duas opções: a) imitação ou tentativa e erro OU b) buscar ajuda de um instrutor ou seguir um manual. A segunda opção é mais eficiente e em alguns casos é essencial que seja a escolha.
As conclusões geradas pelas pesquisas vieram a partir de relatos e entrevistas de pessoas que estavam se desenvolvendo em alguma habilidade específica, análise de materiais de ensino (manuais e etc) e na comparação entre as percepções de iniciantes e especialistas sobre um mesmo assunto.
Para determinadas habilidades, existe uma tendência a acreditar mais nos especialistas do que seguir regras. Um exemplo que a pesquisa trás é sobre Juízes confiando mais em especialistas do que nas regras.
Se você é capaz de quebrar uma tarefa em uma série de passos formais a resistência a resolução de problemas é reduzida. Dado que a pessoa passa a entender o que tem de ser feito e como ser feito, o propósito se torna mais claro e potencialmente a motivação intrínseca da pessoa é impactada positivamente.
No processo de aprendizagem de novas habilidades, experiência prática possui um papel primordial. O básico/princípio para desenvolver uma habilidade se dá por meio de se seguir regras formais abstratas. Só a experiência prática, com cases reais solidifica o conhecimento permitindo uma progressão sobre os estágios de aquisição de habilidades.
É essencial saber o nível de conhecimento dos alunos para facilitar o processo de aquisição de novos conhecimentos e habilidades.
Um resumo, traduzido, interpretado:
Estágio 1: Iniciante
O iniciante, segue regras específicas para determinados contextos. Contextos simples que ele consiga identificar com clareza o que ele está fazendo. Para ele conseguir avançar, é necessário alguma forma de verificação/monitoramento, seja por meio da auto observação ou por meio de feedbacks. O comportamento deve estar aderente as regras.
Estágio 2: Competente
Para atingir o estágio de Competente são necessárias experiências práticas em situações reais. Quem está aprendendo deve ser capaz de observar padrões ou quem está ensinando tem a tarefa de explicitar os padrões e questões recorrentes em determinados contextos para quem está aprendendo. Quem atinge o estágio Competente consegue entender o seu ambiente, o seu contexto.
Estágio 3: Proficiente
No estágio Proficiente, quem está aprendendo já teve experiências do início ao fim em diferentes contextos. Dentre as diferentes experiências, quem atinge o estágio de Proficiente consegue entender, distinguir entre os diferentes contextos e ter com clareza os seus princípios, regras e “verdades” para determinar as suas ações.
Estágio 4: Especialista
Quem atinge o estágio de Especialista começa a agir mais pela intuição. O profissional para de seguir as regras, guias e verdades absolutas para determinas suas ações. Consegue avaliar diferentes contextos e intuitivamente direcionar uma ação específica apropriada ao contexto. O repertório de experiências e cases é vasto.
Estágio 5: Mestre
De acordo com o modelo, não existe um nível de capacidade mental superior ao de Especialista (estágio 4). Uma performance que atinge o estágio de maestria apenas ocorre quando o expert não precisa mais seguir os princípios, não precisa mais prestar atenção sobre o que e como está fazendo, consegue agir sem uma consciência/atenção plena, sendo capaz de produzir a mesma perspectiva e o resultado adequado por meio de ação. A energia que era investida em monitorar e entender a própria performance deixa de ser necessária e é direcionada para produzir ações relevantes ao contexto em questão.